O Rio Grande do Sul (RS) é um dos estados brasileiros que mais têm sido afetados por eventos climáticos extremos nos últimos anos. As projeções dos modelos climáticos atuais convergem em apontar uma tendência no aumento da precipitação, com consequente aumento de vazão nas bacias hidrográficas, resultando em maior frequência de enchentes e inundações no sul do Brasil. No final de abril e começo de maio de 2024, o RS foi afetado por um dos eventos de inundação mais severos do mundo, em que mais de 80% do estado foi atingido, com dezenas de mortes, aproximadamente 800.000 pessoas deslocadas de suas casas e regiões, milhares de desabrigados e prejuízos econômicos da ordem de bilhões de reais. Várias cidades do estado receberam nesse período mais de 630 mm de precipitação, um volume que, em alguns casos, superou quase 5 vezes o esperado para o mês. Eventos extremos como esse, ainda que de menor intensidade, têm sido registrados com frequência cada vez maior, indicando que as projeções dos modelos climáticos já estão se confirmando e muito antes do esperado. Eventos climáticos caracterizados por anomalias positivas de precipitação têm impactos profundos sobre os ambientes aquáticos continentais, alterando a biota, a morfometria, a conectividade, o tempo de residência, os ciclos biogeoquímicos, os fluxos de matéria e energia com a bacia hidrográfica, o aporte e mobilização de contaminantes e poluentes, a disseminação de doenças de veiculação hídrica e a potencial introdução de espécies exóticas. Além disso, há um prejuízo sobre os serviços ecossistêmicos prestados por esses ambientes, potencializando os impactos causados. Um exemplo emblemático é a destruição de ecossistemas aquáticos manejados, tais como os arrozais, o que contribui para a insegurança alimentar do país. O cenário de projeções de mudanças climáticas global coloca várias regiões do mundo, incluindo o RS, em um estado de emergência climática, no qual ações para a redução e mitigação das consequências são urgentes e necessárias. Nesse sentido, é essencial conhecer as projeções regionais de eventos climáticos extremos, dimensionar suas consequências sobre os ambientes aquáticos continentais e pensar em estratégias de redução de danos. Através da ciência, é possível produzir conhecimento qualificado para embasar políticas públicas a serem adotadas por tomadores de decisão. É neste contexto que a Acta Limnologica Brasiliensia convida pesquisadores e pesquisadoras do RS e externos para submeterem trabalhos para publicação na edição especial:
Formatos aceitos:
Editores:
Guilherme Garcia de Oliveira – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Leonardo Maltchick – Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Lúcia Helena Ribeiro Rodrigues – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Ng Haig They – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Data limite para submissão:
01/11/2024
Prorrogada para 28/02/2025.
Taxa de publicação:
A Acta Limnologia Brasiliensia é uma revista brasileira open acess publicada pela Associação Brasileira de Limnologia (ABLimno) via plataforma SciELO. Não há, portanto, taxa de publicação.
Submissão:
O envio dos manuscritos é realizado via plataforma de submissão disponível em: https://submission.scielo.br/